domingo, 10 de março de 2013

O Filho Pródigo The Prodigal Son



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PARÁBOLA DO PAI MISERICORDIOSO (ou do filho pródigo)
(Lucas 15,1-3. 11-31)

1Aproximavam-se dele todos os cobradores de impostos e pecadores para o ouvirem. Mas os fariseus e os doutores da lei murmuravam entre si, dizendo: «Este acolhe os pecadores e come com eles.” Jesus propôs-lhes, então, esta parábola: […]
 11«Um homem tinha dois filhos. 12O mais novo disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte dos bens que me corresponde.’ E o pai repartiu os bens entre os dois.
13Poucos dias depois, o filho mais novo, juntando tudo, partiu para uma terra longínqua e por lá esbanjou tudo quanto possuía, numa vida desregrada. 14Depois de gastar tudo, houve grande fome nesse país e ele começou a passar privações. 15Então, foi colocar-se ao serviço de um dos habitantes daquela terra, o qual o mandou para os seus campos guardar porcos. 16Bem desejava ele encher o estômago com a lavagem que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava. 17E, caindo em si, disse: ‘Quantos empregados  de meu pai têm pão em abundância, e eu aqui a morrer de fome! 18Levantar-me-ei, irei ter com meu pai e vou dizer-lhe: Pai, pequei contra o Céu e contra ti; 19já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus empregados.’ 20E, levantando-se, foi ter com o pai.
Quando ainda estava longe, o pai viu-o e, enchendo-se de compaixão, correu a lançar-se-lhe ao pescoço e cobriu-o de beijos.
 21O filho disse-lhe: ‘Pai, pequei contra o Céu e contra ti; já não mereço ser chamado teu filho.’
 22Mas o pai disse aos seus servos: ‘Trazei depressa a melhor túnica e vesti-lha; dai-lhe um anel para o dedo e sandálias para os pés.
 23Trazei o vitelo gordo e matai-o; vamos fazer um banquete e alegrar-nos, 24porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi encontrado.’ E a festa principiou.
25Ora, o filho mais velho estava no campo. Quando regressou, ao aproximar-se de casa ouviu a música e as danças. 26Chamou um dos servos e perguntou-lhe o que era aquilo. 27Disse-lhe ele: ‘O teu irmão voltou e o teu pai matou o vitelo gordo, porque chegou são e salvo.’ 28Encolerizado, não queria entrar; mas o seu pai, saindo, suplicava-lhe que entrasse. 29Respondendo ao pai, disse-lhe: ‘Há já tantos anos que te sirvo sem nunca transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito para fazer uma festa com os meus amigos; 30e agora, ao chegar esse teu filho, que gastou os teus bens com meretrizes, mataste-lhe o vitelo gordo.’
31O pai respondeu-lhe: ‘Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. 32Mas tínhamos de fazer uma festa e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e reviveu; estava perdido e foi encontrado.’» (Lc 15,1-3.11-31)



Der Verlonene Sohn erhaelt seinen anteil  Brtolomeu Esteban Murillo
1«Um homem tinha dois filhos. 12O mais novo disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte dos bens que me corresponde.’ E o pai repartiu os bens entre os dois.



The Prodigal Son Galle Philip  Philipp  16th century

(1)[...] Ao pedir a sua parte da herança, o filho mais novo comporta-se como se seu pai estivesse já morto. Ele, de qualquer forma, o mata. Mas é o próprio filho pródigo que, por sequer duvidar do que está fazendo, escolhe morrer. De fato, ao partir após ter saqueado seu próprio pai, ele sai do âmbito humano e a seqüência de sua aventura só fará atualizar esta desumanização.



The Prodigal Son  Bartolomeuu Esteban Murillo

13Poucos dias depois, o filho mais novo, juntando tudo, partiu para uma terra longínqua e por lá esbanjou tudo quanto possuía, numa vida desregrada.



The Prodigal Son  Gerrit van Honthorst 1622 Munich


"Na medida em que um homem corta e humilha sua própria vontade, ele prossegue em direção ao sucesso. Mas a medida em que ele teimosamente guarda a sua própria vontade, torna se  a  medida com a qual ele traz prejuízos a si mesmo."
Santo Efrém, o Sírio, Conselhos a um noviço




The Prodigal Son


"Deixe-me dizer-lhe, meu Deus, 
como eu desperdicei cérebro que você me deu em ilusões tolas."
  Sto Agostinho de Hipona 



The Prodigal Son Jan Cornelisz  Vermeyen

"Eu tinha sido ensurdecido pelo barulho das minhas cadeias"
Sto Agostinho de Hipona 


The Prodigal Son Johannes Baeck

"Não deixe teu peito esconder uma coisa, e tua língua proferir outra."
Sto Agostinho de Hipona 


The Prodigal Son  Johann Liss



The Prodigal SonJean Lecklerc Bayer Sttatgemäldensammlungen




Konzert der Verlorene Sohn unter den Dirnen  Dirc van Baburen


The Prodigal Son Frans Francken the younger (1581-1642)


The Prodigal Son Jan Sanders van Hemessen


The Prodigal Son Garrit van Honthorst



The Scene of The Prodigal Son  in Tavern  Rembrandt van Rijn 1635 Gemäldemuseum Dresden



The Prodigal Son Johann Liss



The Prodigal Son Pieter Aertsen



Amusements of the Prodigal Son  Palma il Giovanne 1595-1600


Bartholomeu van der Helst portrait of Ana du Pire(detail) 1660


The Prodigal Son Bartolomeo Esteban Murillo



The Prodigal Son Jan Sanders van Hemessen 1536 Musees Royaux-des-Beaux-Arts Brussels



 the Prodigal Son Hieronymus Bosch(detail)

14Depois de gastar tudo, houve grande fome nesse país e ele começou a passar privações.


 the Prodigal Son Stoop  Maerten Marten( 1520-1647)




The Prodigal Son driven out  1660  Bartolomeu Esteban Murillo


 the Prodigal Son Hieronymus Bosch(detail)


15Então, foi colocar-se ao serviço de um dos habitantes daquela terra, o qual o mandou para os seus campos guardar porcos.


Marc Baruth serie The Prodigal Son



The Prodigal Son Pier Puvis de Chavannes



The Prodigal Son




The Prodigal Son


(1). Nesta parábola, do filho perdido e reencontrado, nos identificamos facilmente com este filho. Ficamos sabendo então que criar distância entre Deus e nós é fonte de decadência e sofrimento.


The Prodigal Son   Salvator Rosa  Ermitage




The Prodigal Son Hans Thoma


The Prodigal Son  Bartolomeo Esteban Murillo






Salmo 137(136)

Que se prenda a minha língua ao céu da boca,
Se de ti, Jerusalém, eu me esquecer, 
 Se de ti,Jerusalém, eu esquecer!

Antes da Grande Quaresma  começar, no  Domingo do filho pródigo, a Igreja canta o salmo "Junto aos rios da Babilônia", para lembrar-nos do cativeiro do povo de Deus nesse país distante. O cativeiro no pecado também afasta o cristão de Deus. Mas esse salmo também fala de arrependimento, do amor e sobre  voltar para a casa do Pai.



The Prodigal Son Bartolomé  Esteban Murillo

E, caindo em si, disse: ‘Quantos empregados  de meu pai têm pão em abundância, e eu aqui a morrer de fome!
 
The Prodigal Son  Adolf Oberländer



The Prodigal Son Der Verlorene Sohn als Schweinehirte  escola flamenca 17th century




The Prodigal Son



Quando Deus permite que as calamidades aflijam pecadores, Ele  o faz para restituir neles os seus sentidos. Tais mazelas são o chamado de Deus para o arrependimento.
São Teófano o Recluso compara o pecador com um homem em um sono profundo. 
O filho mais velho somos todos nós. 
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The Prodigal Son Pier Puvis de Chavannes


The Prodigal Son  Filho Pródigo no meio dos Porcos Albrecht Dürer

16Bem desejava ele encher o estômago com a lavagem que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava.


Der Verloren Sohn beiden Schweinen Peter Paul Rubens




Marc Baruth: Der Sonnenuntergang" from the series "Der verlorene Sohn",


Todos nós somos Filhos Pródigos

Por nossos pecados, nós todos somos algozes de nós mesmos, ao repelir o seu amor. 


Lungo i fiumi ( Salmo 136 ) de Bepi de Marzi dirigé par Diego Vavassori - Juin 2011

Salmo 137(136)

Que se prenda a minha língua ao céu da boca,
Se de ti,Jerusalém, eu me esquecer, / Se de ti
,Jerusalém, eu esquecer!

1. Junto aos rios da Babilônia / nos sentávamos chorando,
Com saudade de Sião. / Nos salgueiros por ali / penduramos nossas harpas.

2. Pois foi lá que os opressores / nos pediram nossos cânticos; / Nossos guardas exigiam / alegria na tristeza: / Cantai hoje para nós / algum canto de Sião.

3. Como havemos de cantar/ os cantares do Senhor / numa terra estrangeira? / Se de ti, Jerusalém, / algum dia eu me esquecer, / que resseque a minha mão!

4. Que se cole a minha língua / e se prenda ao céu da boca, / se de ti não me lembrar! / Se não for Jerusalém / minha grande alegria!


"A maioria das escrituras falam para nós, os Salmos falam por nós."
~ Santo Atanásio, o Grande


Marc Baruth: Der Sonnenuntergang" from the series "Der verlorene Sohn",


"Qual e a alma que Deus mais ama?
                    Deus aceita e ama  mais do que todas uma alma mansa, humilde e grata."
                                                                             São João Crisóstomo


The Prodigal Son  among the pigs Albrecht Dürer 1497 Karlsruhe

                É aqui que termina o Velho Testamento e começa o Novo Testamento.


The Prodigal Son

18Levantar-me-ei, irei ter com meu pai e vou dizer-lhe: Pai, pequei contra o Céu e contra ti; 19já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus empregados.’


The Parable of  the Prodigal Son  Francken Frans



«Quando ainda estava longe, o pai viu-o e, enchendo-se de compaixão, correu
a lançar-se-lhe ao pescoço e cobriu-o de beijos.»
A verdadeira novidade do Novo Testamento não reside em novas ideias, mas na própria figura de Cristo, que dá carne e sangue aos conceitos - um incrível realismo. Já no Antigo Testamento a novidade bíblica não consistia simplesmente em noções abstractas, mas na acção imprevisível e, de certa forma, inaudita de Deus. Esta acção de Deus ganha agora a sua forma dramática devido ao facto de que, em Jesus Cristo, o próprio Deus vai atrás da «ovelha perdida» (Lc 15,1ss.), a humanidade sofredora e transviada. Quando Jesus fala, nas Suas parábolas, do pastor que vai atrás da ovelha perdida, da mulher que procura a dracma, do pai que sai ao encontro do filho pródigo e o abraça, não se trata apenas de palavras, mas de uma explicação do Seu próprio ser e agir. Na Sua morte de cruz, cumpre-se aquele virar-Se de Deus contra Si próprio, com o qual Ele Se entrega para levantar o homem e salvá-lo - o amor na sua forma mais radical.[...]

Papa Bento XVI
Encíclica «Deus Caritas Est» §§ 12-13 (trad. © copyright Libreria Editrice Vaticana, rev.)




The Prodigal Son

20E, levantando-se, foi ter com o pai.
Quando ainda estava longe, o pai viu-o e, enchendo-se de compaixão, correu a lançar-se-lhe ao pescoço e cobriu-o de beijos.



Que saibamos, «trilhar os caminhos que nos levarão a alegria que nos reconciliar com Deus, por meio de orações e súplicas, pois Ele já está a caminho com seus braços abertos para nos acolher em seu divino coração.» (Santo Atanásio)






The Return of The Prodigal Son Eugene Burnard



(2)Quando tomamos a decisão de retornar a casa do Pai, movidos pelo arrependimento, damos o primeiro passo para alcançar o perdão que nos é oferecido. A certeza deste perdão, só a teremos quando já estivermos dentro dos limites territoriais da casa. O perdão sacramental, que é a certeza absoluta do perdão divino, é dado quando já estivermos com nossos pés em solo familiar, isto é, na comunidade eclesial.




The Prodigal Son orthodox icon



(2) A revelação que Jesus nos trouxe, mostrando um Pai que perdoa, tem sua continuidade na Igreja, através do sacramento da Reconciliação. «Tudo quanto ligares na terra será ligado no céu.»

O perdão divino continua a ser exercido na Igreja por iniciativa e vontade de Deus e pelo poder que lhe deu o próprio Cristo.



The Return of  the Prodigal Son  L.Spada Louvre


"Deus não é injusto.
 Ele não vai bater  a porta 
para o homem que humildemente bate."
São João Clímaco




21O filho disse-lhe: ‘Pai, pequei contra o Céu e contra ti; já não mereço ser chamado teu filho.’trata-me como um dos teus empregados."


The Return of  the Prodigal Son  Iosef Nicolai Bankoboev 1882


(1)Nesta parábola, o filho caçula perdeu sua condição de filho para se posicionar dentro do estatuto de escravo: “Não mereço ser chamado teu filho. Trata-me como a um dos teus empregados.” Notemos que o pai não o deixa sequer chegar a esta frase (versículo 21). Temos todos que reencontrar, incessantemente, a nossa filiação divina. 


The Return of  the Prodigal Son Benjamim West

(1)O pai da parábola, ficou na espera de uma comunhão nova, 
quando o filho  tivesse atravessado e superado o mal do mundo.


The Prodigal Son Giessmann Friedrich



(2)A parábola mostra a imensa misericórdia de Deus para com o homem pecador, mas também as disposições do pecador para encontrar a misericórdia. Deus é misericórdia, mas não invade a liberdade de seus filhos.
A misericórdia Divina é diferente da do homem.



The Return of  the Prodigal Son Henrych Semiradsky


«A Igreja, corpo místico do Ressuscitado, abraça todos os filhos pródigos que voltam à casa paterna, oferecendo-lhes a roupa nova da reconciliação, o anel da filiação e a dignidade de sentar-se à mesa do Cordeiro.» 
(S. Agostinho de Hipona)



The Prodigal Son Pompeo Batoni



(2)A parábola mostra a imensa misericórdia de Deus para com o homem pecador, mas também as disposições do pecador para encontrar a misericórdia. Deus é misericórdia, mas não invade a liberdade de seus filhos.

A misericórdia Divina é diferente da do homem.



The Prodigal Son



Em algum momento, todos nós nos comportamos como um dos filhos do Pai misericordioso. Por nossos pecados, nós todos somos algozes de nós mesmos, ao repelir o seu amor. 
Filho Pródigo descreve nossa alienação de Deus: 
"Eu tenho desperdiçado a riqueza que o Pai me deu, eu gastei todos os seus dons e agora estou na miséria, habitando na terra dos cidadãos malignos". 
O filho pródigo se manteve nesse estado até que a parábola evangélica diz, "ele voltou a si."
O que significa este "ele voltou a si" ?
A salvação começa quando o homem passa a conhecer a sua própria natureza divina, como o filho pródigo fez.
  Em um dado momento ele viu que  era um escravo do pecado em uma terra estrangeira, sem  vida verdadeira. 

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The Return of  the Prodigal Son  Guercino

«Não podemos conhecer a Deus segundo sua grandeza, mas podemos conhece-Lo segundo seu amor e sua misericórdia. O amor é identificado pela gratuita filiação e a misericórdia revela-se pelo ininterrupto perdão que nos é oferecido a cada queda.»
 Santo Irineu.




The Prodigal Son orthodox icon

"Se você perdoar o seu inimigo de todo seu coração, você será como Deus." 
 São Gregório de Nissa


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The Return of  the Prodigal Son


«Deus ama cada um de nós tanto quanto ama  toda a humanidade.»
   São João Crisóstomo
 

The Return of the  Prodigal Son 1660 National Galery Of Ireland Dublin


(2)A vida humana é um constante voltar à casa do nosso Pai, pois somos pecadores e necessitamos deste retorno. «Levantar-me-ei e irei ter com meu pai... E lhe direi: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho.» (Lc 15,18)


The Return of the  Prodigal Son James Tissot



(2)A permanência do filho mais velho na casa de seu pai, no entanto, não lhe dava garantia de que seu coração fosse bom. Não bastou permanecer na casa do Pai para ser digno de participar do Banquete; era preciso saber perdoar. Não bastou nada ter feito de reprovável; era necessário esperar e desejar a volta daqueles que se afastaram. A Igreja não é a Comunidade daqueles que não erram, dos que não caem. Ela é a casa dos pecadores que se reconciliam com o Pai. È a casa daqueles que sentem imensa alegria em acolher os que retornam à convivência dos irmãos.



The Prodigal Son


(2)Quando tomamos a decisão de retornar a casa do Pai, movidos pelo arrependimento, damos o primeiro passo para alcançar o perdão que nos é oferecido. A certeza deste perdão, só a teremos quando já estivermos dentro dos limites territoriais da casa. O perdão sacramental, que é a certeza absoluta do perdão divino, é dado quando já estivermos com nossos pés em solo familiar, isto é, na comunidade eclesial.



The Return of the Prodigal Son Peter Brandl

(4)O perdão é muito importante e necessário para conhecer verdadeiramente a Deus. Que ainda hoje são muitas as pessoas que deformam o rosto de Deus porque se recusam a perdoar ou a serem perdoados. A Igreja tem, ainda, um sacramento para mostrar toda a importância e a necessidade do perdão para viver e para dar a vida.


The Prodigal Son Bartolomé Esteban Murillo 1667-70 National Gallery of Art Washington



(2)A revelação que Jesus nos trouxe, mostrando um Pai que perdoa, tem sua continuidade na Igreja, através do sacramento da Reconciliação. «Tudo quanto ligares na terra será ligado no céu.»
O perdão divino continua a ser exercido na Igreja por iniciativa e vontade de Deus e pelo poder que lhe deu o próprio Cristo.



The Prodigal Son Bartolomé Esteban Murillo 1667-70(detail) National Gallery of Art Washington


ele não tinha se dissipado totalmente a memória de seu pai e sua casa, o que é uma imagem da sua consciência (a voz de Deus dentro de nós). E aqui, volta a consciência da vida e ele compreende a sua situação terrível. Resolve então abandonar seus pecados e se arrepender de suas ofensas ao Senhor.
Finalmente, a sua  humildade, arrependimento e consciência da sua indignidade, conduz o pecador de volta para o Pai.


Na casa do Pai (uma imagem da Igreja) os anjos sentem alegria e júbilo por um pecador que se arrepende, mas esta alegria não é compartilhada pelo filho mais velho. 
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The Prodigal Son

(3)O relato descreve com todo o detalhe o encontro surpreendente do pai com o filho que abandonou o lar. Estando todavia longe, o pai "viu-o" vir esfomeado e humilhado, e "comovia-se" até às entranhas. Este olhar bom, cheio de bondade e compaixão é o que nos salva. Só Deus nos olha assim.



The Prodigal Son orthodox icon



(3)". Não é o filho que volta a casa. É o pai que sai a correr e procura o abraço com mais ardor que o próprio filho. "
Atirou-se ao pescoço e pôs-se a beijá-lo”. 
Assim está sempre Deus. Correndo com os braços abertos para quem volta para Ele.


The Return of  the Prodigal Son  Jan Steen 1670


(3)O filho começa a sua confissão: preparou-a largamente em seu interior. O pai interrompe-o para poupar-lhe mais humilhações. Não lhe impõe castigo algum, não lhe exige nenhum rito de expiação; não lhe põe condição para acolhê-lo em casa. Só Deus acolhe e protege assim os pecadores


The Prodigal Son orthodox icon



(4)Se eu leio bem a parábola do pai e dos dois filhos que só  São Lucas  relata, esta história traz uma definição extraordinária do perdão e da misericórdia. Do perdão, que não é somente possível, mas que é necessário para viver e para sobreviver. Seria pretensioso dizer que nós não nos reconhecemos nos personagens dos dois filhos da parábola. 


The Return of  the Prodigal Son Rembrandt van Rijn

(4)Rembrandt, no século XVI, mostrou tudo em sua célebre pintura da Volta do Filho Pródigo. O filho perdido se aconchega na ternura do Pai curvado sobre ele: dir-se-ia que ele quer voltar no seio maternal para renascer novamente. As mãos do Pai, grandes e abertas, se pousam nas suas costas. Mas atenção: aí está a compreensão genial: uma das mãos é uma mão de homem e a outra, uma mão de mulher. A parábola desinstala toda uma religião, toda uma sociedade. Perante o Deus severo e moralizador em quem os adversários de Jesus projetavam a sua dureza de coração, o profeta generoso de Nazaré anunciava um Deus que perdoa, que encoraja, que ama sem retorno. Um Deus que é pai e mãe


The Return of  the Prodigal Son Rembrandt van Rijn (detail)


"Conquiste os homens maus por sua bondade gentil,
 e eles se tornarão homens zelosos em admirar a bondade."
 
St. Isaac da Síria

The Return of  the Prodigal Son Rembrandt van Rijn (detail)

"A alma que não experimentou as  tristezas não serve para nada."
                                                                                 St Teófanes o Recluso



The Return of  the Prodigal Son Rembrandt van Rijn (detail)


São João-Maria Vianney
Presbítero, Cura de Ars - (1786-1859)
1º sermão sobre a misericórdia de Deus
«Ele estava perdido e foi encontrado»

«Fiz muito mal em abandonar o meu pai que me amava tanto; dissipei todos os meus bens levando uma vida má; estou todo roto e todo sujo, como é que meu pai me poderá reconhecer como seu filho? Mas lançar-me-ei a seus pés, regá-los-ei com as minhas lágrimas; pedir-lhe-ei apenas para me contar entre os seus servos» [...] Seu pai, que há muito chorava a sua perda, vendo-o vir ao longe, esqueceu a avançada idade que tinha e a má vida do filho e atirou-se-lhe ao pescoço para o beijar. O pobre filho, completamente espantado com o amor que o pai tinha por ele, exclamou: «Já não mereço ser chamado teu filho, coloca-me apenas entre os teus servos». «Não, não, meu filho», exclama o pai, «está tudo esquecido, pensemos apenas em nos alegrar. Tragam a melhor túnica para lhe vestir; tragam o vitelo gordo e matem-no e alegremo-nos; porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi encontrado».
Boa imagem, meus irmãos, da grandeza da misericórdia de Deus pelos pecadores e pelos mais miseráveis! [...] Ó meu Deus, como é terrível o pecado! Como é possível que o cometamos? Mas, por muito miseráveis que sejamos, desde que tomemos a resolução de nos convertermos, [...] as Suas entranhas de misericórdia são tocadas pela compaixão. Esse terno Salvador corre com a Sua graça ao encontro dos pecadores, abraça-os, favorecendo-os com as consolações mais deliciosas. [...] Que momento delicioso! Como seríamos felizes se tivéssemos a felicidade de o compreender! Mas, infelizmente, não correspondemos à graça e por isso esses momentos felizes desaparecem. Jesus Cristo diz ao pecador, pela boca dos Seus ministros: «Que se vista este cristão que se converteu com a sua primeira túnica, que é a graça do baptismo que perdeu; revistam-no de Jesus Cristo, da Sua justiça, das Suas virtudes e de todos os Seus méritos» (cf. Ga 3,27). Eis, portanto, meus irmãos, a forma como nos trata Jesus Cristo quando temos a felicidade de abandonar o pecado para a Ele nos entregarmos. Que base de confiança para um pecador saber que, embora culpado, a misericórdia de Deus é infinita!




The Return of  the Prodigal Son  Pietro Faccini 


«Alegrai-vos comigo, pois teu irmão estava morto e reviveu; estava perdido e foi achado.» (Lc 15,32)
A alegria é uma característica do cristão, uma vez que nossa fé está alicerçada na Ressurreição de Jesus. Esta alegria é sinônimo de júbilo quando vemos que um irmão se reconcilia com o outro e quando nos reconciliamos com Deus, através do sincero arrependimento, pela sacramento da Confissão.


The Return of  the Prodigal Son Guercino 1619



22Mas o pai disse aos seus servos: ‘Trazei depressa a melhor túnica e vesti-lha; dai-lhe um anel para o dedo e sandálias para os pés.
 23Trazei o vitelo gordo e matai-o; vamos fazer um banquete e alegrar-nos, 24porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi encontrado.’ E a festa principiou.

 
(3)O pai só pensa na dignidade de seu filho. Há que atuar depressa. Manda trazer o melhor vestido, o anel do filho e as sandálias para entrar em casa. Assim será recebido num banquete que se celebra em sua honra. O filho deve conhecer junto ao seu pai a vida digna e ditosa que não pode disfrutar longe dele.



The Prodigal Son Jean Honoré Fragonard



(4)O perdão faz renascer, não somente aquele que o recebe, mas também aquele que o oferece: o caçula volta a ser filho e o pai volta a ser pai. O perdão cura todas as feridas e ele age na medida da toma de consciência da nossa situação de ferida e de morte, e do nosso desejo de voltar para a vida. 


The Return of  the Prodigal Son   Richard Serrin



(1)A parábola do filho pródigo nos traça o perfil de um Deus que, à imagem do pai da história, não julga nem condena, mas acolhe com alegria o seu filho que retorna para casa.



 Der Verlonere Sohn


3Trazei o vitelo gordo e matai-o; vamos fazer um banquete e alegrar-nos, 24porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi encontrado.’ E a festa principiou.

Quando decidimos retornar à casa do Pai, Ele sempre nos acolhe, com uma grande festa, que fará esquecer todos os momentos tristes passados no exílio e no sofrimento.



(1)
. O filho recuperou-se quando retornou à sua origem, o pai, o que equivaleria a um novo nascimento. E é esta a conclusão da parábola: “Teu irmão estava morto e tornou a viver”. Nada de cólera nem de julgamento, mas alegria e felicidade coroando tudo aquilo que Deus vive com o homem.


 The Return of  the Prodigal Son  Luis de Caulery


(2)«Alegrai-vos comigo, pois teu irmão estava morto e reviveu; estava perdido e foi achado.» (Lc 15,32)

A alegria é uma característica do cristão, uma vez que nossa fé está alicerçada na Ressurreição de Jesus. Esta alegria é sinônimo de júbilo quando vemos que um irmão se reconcilia com o outro e quando nos reconciliamos com Deus, através do sincero arrependimento, pela sacramento da Confissão.








Quaresma





Referências


A reflexão é de Marcel Domergue, sacerdote jesuíta francês, publicada no sítio Croire, comentando as leituras do 3º Domingo da Quaresma.